Todos os oceanos do nosso sistema solar

O que muitos não sabem é que o nosso sistema solar está cheio de água líquida, basta saber onde procurar. Embora a Terra esteja perfeitamente posicionada na zona habitável, onde a água líquida pode existir na superfície de um mundo, outros corpos celestes, como planetas anões e luas, também possuem água líquida, embora ela esteja escondida em lugares inesperados. Portanto, os cientistas têm que usar técnicas especiais para encontrar essa preciosa substância.

Europa, uma das luas de Júpiter

A lua Europa, que orbita o planeta Júpiter, é um lugar surpreendentemente aquático. Embaixo de sua superfície gelada, existe um oceano quente, mantido em estado líquido graças às forças gravitacionais de Júpiter, e não pelo calor do Sol. Em 2011, o Telescópio Espacial Hubble detectou gêiseres saindo da superfície de Europa, alguns chegando a atingir alturas de até 200 km. De fato, o orbitador da NASA, Galileo, voou direto por um desses jatos aquáticos em 1997, mas só descobrimos isso recentemente. Europa possui uma superfície característica conhecida por “terrenos do caos”, causados pelas águas subterrâneas agitadas nas latitudes mais baixas da lua, e também experimenta mudanças tectônicas ocasionais que podem levar materiais para o oceano abaixo. Com todas essas características aquáticas, não é surpresa que Europa seja considerada um dos melhores candidatos do sistema solar a abrigar vida primitiva.

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 Europa,  lua de Júpiter. Crédito NASA

Ganímedes, outra lua de Júpiter

Ganímedes, a maior lua de Júpiter, parece estar escondendo um oceano também. Em 2015, os cientistas da NASA observaram movimentos estranhos de balanço na lua, que consideraram como evidência de um oceano subterrâneo significativo. Os cálculos sugerem que esse oceano tem uma profundidade de 100 km, o que indica uma enorme quantidade de água líquida nesta lua gigantesca. Para comparação, os oceanos da Terra não ultrapassam uma profundidade de 10 km.

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Ilustração com composição da lua Ganímedes, de Júpiter. Crédito NASA JPL Caltech

Lua Encélado, de Saturno

A lua Encélado, que orbita Saturno, também possui um oceano subterrâneo. Como a lua Europa, Encélado ocasionalmente lança jatos de água no espaço. O orbitador Cassini da NASA detectou vestígios de sal e poeira de sílica provenientes desses gêiseres, o que indica processos químicos complexos sob a crosta de gelo da lua. Encélado também possui fraturas na sua superfície conhecidas como “listas de tigre”, que geralmente vazam água. Essa água líquida pode ter existido em Encélado por bilhões de anos, e está concentrada no hemisfério sul da lua. A camada líquida debaixo da crosta de gelo tem cerca de 8-10 km de profundidade e contém quase tanta água quanto o Lago Superior, o maior dos Grandes Lagos nos EUA. A órbita altamente elíptica de Encélado em torno de Saturno e as forças de maré resultantes mantêm seu núcleo rochoso aquecido. O núcleo quente e altamente poroso de Encélado é feito de silicatos, que conduzem a reações químicas complexas, do tipo que pode sustentar a vida. Na verdade, já foram detectadas moléculas orgânicas nesta lua fascinante, o que a torna um alvo de futuras pesquisas para evidências de vida microbiana.

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Ilustração da composição da lua Encélado, de Saturno. Crédito NASA JPL-Caltech

Planeta anão Ceres

Os planetas anões, localizados no cinturão de asteroides, raramente são associados à água líquida, mas Ceres é uma exceção. Recentemente, descobriu-se que Ceres é um mundo aquático. No entanto, diferentemente das luas geladas ao redor de Júpiter e Saturno, Ceres não tem um gigante gasoso para mantê-la aquecida. Acredita-se que sua superfície oceânica se formou há cerca de 20 milhões de anos, quando um asteroide colidiu com ela, criando a cratera Occator, que apresenta vários pontos brilhantes proeminentes. Embora o calor gerado pelo impacto tenha desaparecido, a água em Ceres permaneceu em um estado lamacento devido ao seu alto teor de sal. Ocasionalmente, essa água é forçada para a superfície, deixando depósitos altamente refletivos para trás. O reservatório de água de Ceres fica a cerca de 40 km abaixo da superfície e mede centenas de quilômetros de largura – um tamanho considerável, considerando que Ceres tem apenas 950 km de largura.

Planeta anão Ceres mostrado em cor falsa e sua cratera Occator brilhante. Crédito NASA JPL-CalTech UCLA MPS DLR IDA

Marte

Marte já foi o lar de vastos oceanos e rios caudalosos, mas a maior parte dessa água se foi. Hoje em dia, ainda há água em Marte, mas quase tudo é gelo. No entanto, uma pesquisa de 2018 mostrou que alguma água líquida estável pode existir perto da calota polar sul do Planeta Vermelho. Um instrumento a bordo da espaçonave Mars Express ricocheteou na superfície marciana, revelando uma estranha estrutura subterrânea com 20 km de diâmetro. Suas propriedades físicas levaram cientistas italianos a supor que essa estrutura pode ser água líquida, provavelmente na forma de uma piscina de salmoura ou lama com solo. Isso é uma boa notícia para os futuros exploradores do Planeta Vermelho, já que a água líquida deve ser um recurso escasso em Marte.

Imagem em mosaico mostra a localização de um suposto reservatório subterrâneo, em que a cor azul representa a água líquida. Crédito USGS Astrogeology Science Center, Arizona State University, INAF

Plutão

Um oceano subterrâneo pode estar escondido em Plutão, de acordo com uma pesquisa publicada este ano. Dados transmitidos de volta pela espaçonave New Horizon, da NASA, mostram uma superfície excepcionalmente dinâmica, que os cientistas têm estudado desde o histórico sobrevoo da sonda em 2015. Plutão parece ter tido um início quente quando se formou, o que permitiu que sustentasse um oceano subterrâneo inicial. Com o tempo, conforme esse líquido lentamente congelou e se expandiu, a crosta de Plutão começou a inchar e rachar. Ainda é possível que um pouco de água líquida exista sob a superfície congelada de Plutão, em um processo semelhante ao observado em Ceres.

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Plutão. Crédito NASA JHUAPL SwRI

Os “gigantes de gelo” Urano e Netuno

Pode parecer difícil de acreditar, mas é possível que existam oceanos líquidos até mesmo nas atmosferas dos nossos dois gigantes de gelo, Netuno e Urano. Isso ainda não foi confirmado, mas pesquisas de 2007 sugerem que é uma possibilidade. Água líquida pode existir dentro desses planetas, desde que as temperaturas e pressões atmosféricas sejam adequadas. Se os oceanos forem reais em Netuno e Urano, eles podem representar até dois terços da massa total dos planetas, de acordo com a NASA.

Urano (esq.) e Netuno (dir.). Crédito NASA JPL-Caltech

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