O James Webb encontrou estrelas de matéria escura?
Cientistas identificaram três objetos detectados pelo Telescópio Espacial James Webb que, a princípio, foram classificados como algumas das primeiras galáxias do universo. No entanto, novas análises sugerem que eles podem, na verdade, ser estrelas escuras.
Nos últimos 15 anos, pesquisadores vêm buscando evidências de um tipo teórico de estrela que nunca foi observado diretamente. Diferente do Sol e outras estrelas convencionais, que obtêm energia pela fusão de átomos, essas estrelas seriam alimentadas por um elemento enigmático conhecido como matéria escura.
O Telescópio Webb, lançado em 2021, com sua capacidade de observar os primórdios do universo, forneceu os primeiros indícios de possíveis “estrelas negras”. Esses três objetos, detectados em dezembro de 2022, inicialmente foram interpretados como galáxias formadas nas primeiras fases do cosmos. Contudo, especialistas agora acreditam que eles podem ser enormes estrelas escuras.

A matéria escura, que não interage diretamente com a luz e é detectada principalmente por seus efeitos gravitacionais em grandes escalas, desempenharia um papel essencial, embora pequeno, na formação dessas estrelas.
Descritas como compostas quase inteiramente por hidrogênio e hélio — os principais elementos no início do universo — essas estrelas teriam apenas 0,1% de sua massa composta de matéria escura. Esse tipo de matéria, por sua vez, seria o verdadeiro motor que impulsiona as estrelas escuras, por meio de um processo de autoaniquilação.
Apesar de ser invisível aos nossos instrumentos, acredita-se que a matéria escura constitua cerca de 85% de toda a matéria no universo, enquanto o restante seria composto pela matéria convencional — estrelas, planetas, gases, poeira e até coisas corriqueiras como alimentos e pessoas.
As estrelas escuras podem alcançar massas superiores a um milhão de vezes a do Sol e brilham cerca de um bilhão de vezes mais, com diâmetros enormes, de até dez vezes a distância entre a Terra e o Sol.

Ao contrário das estrelas comuns, elas poderiam crescer ao absorver gases que caem em sua direção no espaço. Ainda assim, não seriam tão quentes quanto as primeiras estrelas comuns do universo. Essas estrelas, por meio de reações de fusão nuclear, criaram elementos mais pesados que hidrogênio e hélio.
Esses três possíveis exemplos de estrelas escuras datam de um período muito inicial da história do universo — o mais antigo de aproximadamente 330 milhões de anos após o Big Bang, enquanto os outros surgiram cerca de 370 e 400 milhões de anos depois desse evento que deu origem ao cosmos, há 13,8 bilhões de anos.
Segundo os dados coletados pelo Webb, esses objetos podem ser tanto galáxias primitivas quanto estrelas escuras. Uma estrela escura supermassiva pode ser tão luminosa quanto uma galáxia inteira, o que torna difícil a distinção entre as duas.

Embora ainda faltem informações suficientes para se chegar a uma conclusão definitiva sobre esses três objetos, o Telescópio Webb tem o potencial de fornecer dados mais detalhados sobre outros corpos celestes antigos que podem revelar a existência dessas estrelas exóticas.
No início do universo, as condições podem ter sido favoráveis ao surgimento de estrelas escuras, já que densidades elevadas de matéria escura estariam presentes nas nuvens de hidrogênio e hélio onde estrelas se formavam. Hoje, essas condições são extremamente raras.
A descoberta de um novo tipo de estrela, com uma fonte de energia inédita, seria um avanço científico monumental. Isso poderia até mesmo abrir caminho para a identificação das primeiras partículas de matéria escura, marcando um novo capítulo na compreensão do cosmos.