Esse asteroide é uma minilua da Terra

Os pesquisadores podem ter identificado o ponto de origem de 469219 Kamo’oalewa, um asteroide pequeno que foi apelidado de “minilua” da Terra. Ao examinar a geologia de Kamo’oalewa e simular diferentes cenários de sua formação, eles rastrearam sua origem até uma cratera de impacto específica no lado oposto da Lua. Enquanto a Terra viaja ao redor do Sol, ela não apenas é acompanhada pela Lua, mas também por quase-satélites, objetos que, embora não sejam capturados gravitacionalmente pelo nosso planeta, co-orbitam com o Sol por longos períodos. O mais próximo e estável desses quase-satélites é Kamo’oalewa, que viaja até 100 vezes a distância da Lua e possui uma rotação rápida, completando uma volta a cada 28 minutos. Com um diâmetro entre 36 e 60 metros, ele é um pouco maior do que uma rocha comum.

Descoberto em 2016 por astrônomos do Observatório Haleakalā, no Havaí, que lhe deram o nome havaiano, Kamo’oalewa inicialmente gerou especulações de ser um fragmento de lixo espacial de alguma missão desconhecida; no entanto, foi confirmado como um corpo celeste natural. O asteroide Kamoʻoalewa mantém uma órbita em torno do Sol que o mantém como um companheiro constante da Terra.

Esse asteroide é uma minilua da Terra

Asteroide como Kamo’oalewa são de grande interesse para geólogos planetários, pois contêm informações valiosas sobre a história do Sistema Solar. Ele é comparável a uma “pedra de Roseta” flutuante: uma placa de rocha cuja análise pode revelar mistérios antigos. Os asteroides de pequeno porte na vizinhança de Kamo’oalewa representam uma parte ainda pouco compreendida da população desses objetos próximos à Terra. Estudar sua formação e evolução fornecerá insights importantes sobre seus equivalentes maiores e mais conhecidos, contribuindo para nossa compreensão geral da formação e evolução dos asteroides.

No novo estudo, os astrônomos utilizaram observações de telescópios terrestres para comparar a reflectância da superfície de Kamo’oalewa com a de amostras de solo lunar recolhidas em missões anteriores, bem como com a de outros asteroides próximos da Terra. Os resultados revelaram que Kamo’oalewa tem mais semelhanças com as amostras lunares, uma conclusão que já havia sido sugerida por uma equipe da Universidade do Arizona liderada por Ben Sharkey. Assim como a Lua, o asteroide parece ser composto principalmente de olivina, piroxênio ou uma combinação desses minerais, e exibe sinais de intemperismo espacial. Tudo isso sugere que Kamo’oalewa teve origem na Lua, resultando de um antigo impacto. Milhões de anos atrás, um grande objeto colidiu com a Lua, causando a dispersão de poeira e detritos. Além de formar uma cratera, essa colisão também lançou fragmentos como Kamo’oalewa para o espaço.

Esse asteroide é uma minilua da Terra-2

Dada a abundância de crateras na Lua, a equipe buscou restringir as possibilidades. Realizaram simulações para recriar os eventos de impacto lunar, estimando o tipo de impacto necessário para gerar um asteroide do tamanho e órbita de Kamo’oalewa, assim como o tamanho da cratera resultante. Por meio dessas simulações, identificaram uma única cratera que atenderia aos critérios: a cratera Giordano Bruno, com 22 quilômetros de largura, localizada no lado oposto da Lua. As propriedades minerais observadas coincidem com as do asteroide. O fato de os cientistas terem conseguido obter tantas informações sobre o asteroide apenas por meio de espectroscopia e modelagem avançada demonstra o poder dessas técnicas.

Duas missões futuras oferecem oportunidades para um estudo mais detalhado de Kamo’oalewa e para verificar sua origem. Em 2025, a China lançará o Tianwen-2, que acompanhará Kamo’oalewa por alguns meses para realizar medições próximas, antes de enviar uma sonda para coletar amostras e trazê-las de volta à Terra. Além disso, em 2027, a missão NEO Surveyor da NASA será lançada.

À medida que avançamos no estudo dos asteroides próximos da Terra, com o objetivo de identificar potenciais riscos, também podemos descobrir mais fragmentos espaciais resultantes do impacto que formou a cratera Giordano Bruno.

Fonte: Artigo publicado na revista Nature e no site Sky & Telescope

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