Introdução a Astronomia

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Filósofos da Grécia Antiga

Filósofos da Grécia Antiga Com base nos conhecimentos egípcios e mesopotâmicos, os gregos elaboraram suas concepções acerca da natureza e de seu funcionamento. Tales de Mileto (625 – 546 a.C.) Introduziu na Grécia os princípios fundamentais da geometria e da astronomia, originários do Egito. Sua visão incluía a crença de que a Terra era um disco plano, situado em meio a uma vasta extensão de água. Anaximandro de Mileto Propôs uma perspectiva diferente, afirmando que a Terra era redonda ou cilíndrica. Ele desenvolveu a ideia de que os corpos celestes eram anéis preenchidos por fogo, girando em torno de uma Terra estacionária. Esse conceito representou o primeiro modelo do sistema solar com a Terra posicionada no centro do sistema, conhecido como “sistema geocêntrico” na cultura ocidental. Seu modelo visualizava a Terra como cilíndrica, envolta pelo céu esférico. Filolau de Crotona Filolau sustentava a crença de que o centro do universo era ocupado pelo fogo, considerando a Terra apenas um dos astros a orbitá-lo. Ele postulava que a Terra, ao realizar um movimento circular em torno do fogo central, era responsável pelo surgimento do dia e da noite. Além disso, Filolau concebia a existência de uma Terra oposta à nossa, denominada Anti-Terra, além dos quatro planetas conhecidos. Ele identificava nove corpos celestes em movimento no céu: a Terra, o Sol, a Lua, os cinco planetas e, acima de todos, uma esfera de estrelas fixas. Sua abordagem representou um pioneirismo ao deslocar a Terra do centro do Universo. Eudoxus de Cnidos (408 a.C. – 355 a.C.) Notável matemático da Antiguidade, desempenhou papel fundamental na teoria das proporções, posteriormente utilizada por Euclides em sua obra “Elementos”. Destacando-se como o primeiro a empregar a geometria para descrever os movimentos celestes, contribuiu significativamente para a astronomia. Sua relevância reside principalmente na proposição do primeiro modelo teórico para explicar os movimentos irregulares dos planetas. Esse modelo envolvia um sistema cosmológico engenhoso, utilizando movimentos circulares uniformes de cascas esféricas homocêntricas em torno da Terra, encaixadas uma dentro das outras. Tal proposta buscava explicar uma variedade de fenômenos astronômicos conhecidos na época. Heraclides de Pontus Heraclides de Pontus foi o primeiro a postular o movimento de rotação da Terra. Ele propôs a ideia de que a Terra realiza um giro diário em torno de seu próprio eixo, além de sugerir que Vênus e Mercúrio orbitam o Sol, introduzindo também a concepção de epiciclos em sua teoria. O modelo híbrido de Heraclides de Pontus, conhecido como “sistema egípcio”, ilustra suas ideias inovadoras. Aristóteles de Estagira Aristóteles de Estagira, por sua vez, explicou as fases da Lua ao relacioná-las à quantidade da face lunar iluminada pelo Sol voltada para a Terra. Além disso, esclareceu os eclipses, destacando que um eclipse solar ocorre quando a Lua se interpõe entre a Terra e o Sol, enquanto um eclipse lunar ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra. Aristóteles defendeu a esfericidade da Terra, baseando-se na observação de que a sombra da Terra durante um eclipse lunar é sempre arredondada. Ele argumentou a favor de um universo esférico e finito, aprimorando a teoria das esferas concêntricas de Eudoxus de Cnido, conforme expresso em seu livro “De Caelo”. O modelo geocêntrico de Aristóteles, apresentado no livro, compreendia duas regiões: o mundo supralunar esférico, composto por éter, e o mundo sublunar, também esférico, formado por terra, água, ar e fogo. Aristarco de Samos Pioneiro ao propor, quase dois mil anos antes de Copérnico, a ideia de que a Terra se movia ao redor do Sol. Além disso, desenvolveu um método para calcular as distâncias relativas entre a Terra, o Sol e a Lua, e determinou os tamanhos relativos desses corpos celestes. Sua teoria heliocêntrica posicionava o Sol no centro, com os planetas orbitando ao seu redor. Embora o texto original de Aristarco tenha se perdido, suas ideias foram preservadas por meio de citações. Seu modelo, mais filosófico do que astronômico, teve pouca aceitação em sua época. Aristarco também concebeu um método prático para determinar várias grandezas astronômicas a partir do tamanho da Terra e com base na observação de eclipses. As informações sobre Aristarco foram transmitidas por Arquimedes em seu livro “O Contador de Areia” e em seu tratado “Sobre os Tamanhos e as Distâncias do Sol e da Lua”. Eratóstenes de Cirênia Eratóstenes, bibliotecário e diretor da Biblioteca Alexandrina de 240 a.C. a 194 a.C., desempenhou um papel crucial ao realizar a primeira medição conhecida do diâmetro da Terra. Hiparco de Nicéia Reverenciado como o principal astrônomo da Antiguidade, Hiparco estabeleceu um observatório na ilha de Rodes, onde conduziu observações entre 147 a.C. e 127 a.C. Nesse período, compilou um catálogo abrangendo a posição e magnitude de 850 estrelas. A magnitude, indicando o brilho das estrelas, era classificada em seis categorias, de 1 a 6, sendo 1 a mais brilhante e 6 a mais fraca visível a olho nu. Hiparco acertadamente deduziu a orientação dos polos celestes e, notavelmente, identificou a precessão, uma variação na direção do eixo de rotação da Terra, influenciada pela gravidade da Lua e do Sol, que completa um ciclo a cada 26.000 anos. Apolônio de Perga Conhecido como “O Grande Geômetra”, Apolônio de Perga deixou uma vasta obra que significativamente contribuiu para o desenvolvimento da Matemática, embora muitos de seus trabalhos tenham se perdido ao longo dos anos. Sua obra mais destacada, “Cônicas”, introduziu termos familiares atualmente, como parábola, hipérbole e elipse. Juntamente com Hiparco, Apolônio desenvolveu um sistema em que o movimento dos planetas é composto pela rotação simultânea de um epiciclo, ou “círculo superior” ou “exterior”, girando uniformemente ao redor de um ponto ligado a outro círculo girante maior, o deferente, literalmente “que arrasta”. Claudius Ptolemaeus (85 d.c. – 165 d.c.) Ptolomeu, o último astrônomo significativo da Antiguidade, compilou uma obra em treze volumes chamada “Almagesto”, que representa a principal fonte de conhecimento sobre a astronomia grega. Sua contribuição mais notável foi uma representação geométrica do sistema solar, geocêntrica, utilizando círculos e epiciclos. Esse modelo permitia prever com considerável precisão os movimentos dos planetas e

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Astronomia na Antiguidade

Astronomia na Antiguidade Mesopotâmia Na área correspondente ao atual Iraque encontra-se a Mesopotâmia, situada entre os rios Tigre e Eufrates. Nessa região, localizava-se a cidade de Babilônia, nas margens do rio Eufrates, a 70 km ao sul da moderna cidade de Bagdá. Durante o período conhecido como Babilônia Antiga (1830-1531 a.C.), governada pela dinastia Hamurabi, surgiram registros sistemáticos de eventos celestes, seguindo a tradição da cultura Suméria, que havia dominado a região anteriormente. Os registros dessa época, feitos em tabletes de argila, que chegaram até nós, são mais significativos para a história da Matemática do que para a história da Astronomia. No entanto, introduziram uma técnica fundamental para o desenvolvimento futuro da Astronomia: o uso de uma notação numérica eficiente. Os escribas babilônicos utilizavam uma técnica específica para representar números. Para escrever o número 1, pressionavam o escopro verticalmente sobre a pedra (T); para representar o 10, pressionavam inclinado (>). Combinando esses dois símbolos, criavam representações numéricas até o 59. No entanto, para o número 60, voltavam a usar o símbolo 1. Embora tenha demorado para que surgisse um símbolo para o zero, a notação babilônica permitia realizar cálculos complexos com alguma facilidade. A divisão do tempo em 60 minutos, cada um composto por 60 segundos, assim como a divisão semelhante dos ângulos, reflete essa notação babilônica. Os astrônomos babilônicos, seguindo o exemplo de seus predecessores, realizavam observações do céu a olho nu de locais elevados, como os Zigurates, que eram templos. Eles passavam o dia e a noite em vigília, registrando eventos como o aparecimento da Lua, dos “planetas” e das estrelas. Esses sacerdotes-astrônomos procuravam interpretar esses eventos à luz de suas crenças, confirmando observações antigas e buscando eventos distintos para uma compreensão mais profunda. Egito Os egípcios empregavam a astronomia como meio de prever as cheias do Rio Nilo, orientando-se pela estrela Sirius. Desenvolveram um calendário especialmente destinado a propósitos religiosos, fundamentado nas lunações (intervalo entre duas luas novas consecutivas). Nesse calendário, 25 anos equivaliam a 309 lunações, totalizando 9.125 dias, distribuídos em meses alternados de 29 e 30 dias. As pirâmides foram construídas com faces direcionadas com exatidão para os pontos cardeais. O Zodíaco foi dividido pelos egípcios em 36 partes iguais denominadas decanias, sendo que cada signo representava três decanias, e cada decania possuía seu próprio nome. Os instrumentos utilizados pelos antigos egípcios eram relativamente rudimentares. O Merkhet, uma espécie de Gnômon (parte do relógio solar que possibilita a projeção da sombra.) feito com nervura de folha de palmeira e um entalhe na parte mais larga, servia como um relógio solar, projetando a sombra para indicar as horas. Além disso, faziam uso da clepsidra ou relógio de água, aprimorado por eles ao longo do tempo.

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Astronomia na Pré-História

Astronomia na Pré-História A Astronomia, possivelmente, tem acompanhado o progresso das sociedades humanas desde os seus primórdios. Existem indícios de que determinados monumentos, pinturas e instrumentos estejam associados à contemplação astronômica. Arqueoastronomia A Arqueoastronomia concentra-se no estudo do conhecimento astronômico de povos antigos, especialmente os pré-históricos e aqueles que deram origem às civilizações. Surgida no final do século 19, a moderna Arqueoastronomia, também conhecida como Arqueologia Astronômica, tem como precursor e fundador o astrônomo inglês Sir Norman Lockyer (1836-1920). Ele dedicou-se ao exame dos alinhamentos das pirâmides egípcias e das construções megalíticas (onde “megalítico” significa grande pedra). Monumentos Megalíticos A expressão “monumento megalítico” ou “megálito”, derivada do grego “mega”, significando grande, e “lithos”, pedra, refere-se a uma construção monumental composta por imponentes blocos de pedra. Esses monumentos tinham como elementos fundamentais os menires, também conhecidos como monólitos. Menires são pedras verticais que podem estar isoladas, possivelmente utilizadas para rituais de fertilidade ou para demarcar territórios. Quando os menires são dispostos em círculos, elipses ou retângulos, o conjunto é denominado cromeleque ou cromlech. Essas estruturas podem ter tido propósitos religiosos, como é o caso do Stonehenge, o mais famoso exemplo localizado na Inglaterra. Stonehenge Stonehenge é o monumento pré-histórico mais proeminente na Europa. Situado na Planície de Salisbury, na Inglaterra, a duas horas de Londres, é composto por pilares de pedra, cuja autoria remonta a povos antigos cujas origens ainda são desconhecidas. Acredita-se que a construção do monumento tinha como objetivo a observação de fenômenos astronômicos, como solstícios, eclipses e outros eventos celestes. Círculo de Goseck Localizado em Goseck, no distrito de Weissenfels, no estado de Saxônia-Anhalt, Alemanha, o Círculo de Goseck destaca-se como o observatório solar mais antigo da Europa e o templo mais antigo da Europa Central. Além de ser um local para observações astronômicas, o sítio também desempenhava funções de calendário, sendo um centro cerimonial e religioso para as comunidades do Neolítico. Essa implicação é sugerida pela descoberta de vestígios de bois decapitados e dois fragmentos de esqueletos humanos no local, todos apresentando evidências de cortes. A datação do sítio, baseada em fragmentos de cerâmica encontrados, indica que foi construído por volta de 4900 a.C. Newgrange Newgrange, conhecido em irlandês como Dún Fhearghusa, é uma sepultura situada no Conjunto Arqueológico do Vale do Boyne, no Condado de Meath, na Irlanda. A construção de Newgrange foi planejada de tal forma que, durante o nascer do sol no dia mais curto do ano (solstício de inverno), um feixe de luz delicado ilumina brevemente o piso da câmara no final de um corredor extenso. A principal função de Newgrange parece ter sido como um local de sepultamento, onde foram encontrados vestígios de cinzas cremadas de cinco indivíduos. O sol desempenhava um papel significativo nas crenças religiosas do Neolítico associadas a este monumento. Complexo de Chankillo As Ruínas das Treze Torres em Chankillo, na costa norte do Peru, compõem um monumento arqueoastronômico notável. Monitorado a partir de dois pontos de observação estratégicos, essa estrutura permitia a medição precisa do ponto do horizonte onde o Sol surgia e se punha ao longo do ano. Este monumento foi erguido antes da ascensão da civilização Inca, que historicamente ocupou a região peruana.

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Astronomia e suas subdivisões

O que é Astronomia e suas subdivisões A Astronomia é a ciência dedicada à análise dos corpos celestes. Sua origem etimológica remonta ao grego, onde άστρο + νόμος se traduz como “Lei das Estrelas”. O escopo da Astronomia abrange a observação meticulosa e o estudo sistemático do Universo, compreendendo os objetos celestes nele presentes. Seu propósito é situá-los no espaço e no tempo, elucidando suas origens, movimentos, natureza, constituição e características. A Astronomia se desdobra em vários ramos, abrangendo tanto aspectos observacionais quanto teóricos: Subdivisão O que Estuda Astronomia solar Relacionada a dinâmica e evolução solar Planetologia Relacionada a dinâmica e evolução planetária Astronomia Estelar Relacionada a dinâmica e evolução estelar Astronomia Galáctica Relacionada a formação e evolução de galáxias Astronomia Extragaláctica Relacionada a estrutura em grande escala da matéria no universo Cosmologia Relacionada a Astropartículas, a estrutura e evolução do universo No que diz respeito ao Espectro Eletromagnético, utilizado para registrar as “imagens” do Universo, a Astronomia observacional pode ser categorizada em: Subdivisões Radioastronomia Astronomia Infravermelha Astronomia Óptica Astronomia Ultravioleta Astronomia de Raios-X Astronomia de Raios Gama A astronomia estabelece conexões interdisciplinares com diversas áreas científicas importantes, como Química, Biologia e Arqueologia. Esse entrelaçamento resulta no surgimento de campos especializados, tais como Arqueoastronomia, Astrobiologia, Astroquímica, Cosmoquímica, Astronáutica e Etnoastronomia.

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